Cinema Expressionista Alemão

O cinema expressionista alemão é caracterizado pelo recorrente clima de suspense e horror, muitas vezes com cenário distorcido, maquiagens pesadas e fortes contrastes de luz e sombra.
Os filmes expressionistas demonstram uma visão pessimista do mundo, fruto dos problemas sociais e políticos vividos pelo povo alemão na época.

A Alemanha foi derrotada na Primeira Guerra Mundial, contraindo uma dívida externa enorme e perdendo grande parte do seu território, isso sem contar os milhares de alemães mortos, famílias destruídas, o desemprego e a inflação.
Esse contexto desesperador é refletido na atmosfera dos filmes expressionistas. Muitas vezes tendo como conflito principal a existência de um personagem misterioso, que manipula as pessoas para impor uma ordem maligna. De certa forma, estes filmes já demonstravam a preocupação dos artistas, que já percebiam que aquela crise abria espaço para a ascensão do autoritarismo. O que mais tarde se concretizou com a chegada do Partido Nazista ao poder
(tema abordado no livro “De Calligari a Hitler”, de Siegfied Kracauer e no filme homônimo de Rüdiger Suchsland).

No filme O Gabinete do Dr. Calligari, um homem estranho chega à cidade trazendo seu show, onde apresentava o sonâmbulo vidente Cesare. A partir daí, uma série de assassinatos ocorrem. As investigações acabam levando a Calligari e Cesare, que fogem. O personagem principal consegue seguir Calligari e o vê entrar num hospital psiquiátrico, lá ele descobre, para o seu horror, que o homem conhecido como Dr Calligari era, na verdade o diretor do hospital. Ele conta para os enfermeiros e doutores e finalmente eles conseguem desmascarar e prender o doutor maluco. Essa história, a princípio, traria a mensagem de o quão loucos e assassinos são os dirigentes das instituições (cientistas, políticos, religiosos, etc). No entanto, nos últimos minutos, ela tem uma outra reviravolta: descobrimos que o louco é o próprio personagem principal e o doutor maluco é um doutor são e racional, visto como vilão pelo personagem louco.
No fim das contas esta reviravolta foi uma forma de censura, pois não pegava bem falar que aqueles que estão no poder são loucos e assassinos, era mais aceitável falar que os que criticam o poder é que são os loucos.
A história original foi escrita por dois homens que lutaram na primeira guerra mundial e se conheceram no hospital. Resolveram escrever a história como uma forma implícita de criticar o poder, mas, na hora de vender para a principal produtora alemã da época, tiveram o final da história modificada e todo o sentido da mensagem invertido.



Outros dois filmes de destaque do expressionismo alemão são A Morte Cansada (Fritz Lang, 1921) e o imortalizado Nosferatu (F. W. Murnau, 1922). Como de costume neste estilo de cinema, a figura de um personagem estranho e misterioso é tema central que conduz a trama.


Nosferatu (1922)
Como podemos notar, o expressionismo marca o cinema com sua atmosfera negativa e sinistra, e influencia as próximas gerações de cinema de horror e suspense; vide os filme de terror americanos dos anos 30 como Frankenstein e Drácula e os filmes conhecidos como Film Noir (suspense policial nos anos 30 e 40).


Frankenstein (1931)

Ainda hoje podemos perceber os fortes traços expressionistas no cinema atual, como no marcante estilo de Tim Burton (Edward Mãos de Tesoura, Batman, Frankweenie, entre outros).






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